A crise dos alimentos e os biocombustíveis

A inflação gerada nos alimentos é uma dor de cabeça mundial. O arroz subiu 115% em 2008, o milho ficou 157% mais caro, a soja, 152% e o trigo, 227%. Estima-se que mais de 10 milhões de pessoas, que não precisavam mais da ajuda do governo, não consigam mais se sustentarem. Além disso, a crise potencializa a fome em todo planeta. O mundo resolveu agir para diminuir os prejuízos do efeito estufa e criar meios alternativos para a produção de combustíveis, surgiram, então, os biocombustíveis. São fabricados em geral a partir do milho e da cana-de-açúcar, onde de se tira o carboidrato, retiram açúcar e forma o etanol. No Brasil, é feito através da cana e nos Estados Unidos (EUA), a partir do milho. Essa produção tem recebido criticas mundiais de responsabilidade pela crise da alta dos preços dos alimentos.
A natureza também vem cobrando a sua divida e os desastres ambientais reduzem as produções agrícolas. Teve seca na Austrália, neve na china e ondas de calor no Canadá. A alto do petróleo também causa impacto na mesa, subiram o valor dos fertilizantes, dos transportes e do maquinário agrícola. A demanda mundial por alimentos também cresce fortemente. Só na China, a maior população do planeta, 450 milhões de pessoas saíram da miséria. Gente que veio do campo para consumir bem mais nas cidades. São milhões de novas bocas em um país onde, em um passado bem recente, pessoas morriam de fome. O consumo de carne também aumenta a demanda por grãos para a alimentação dos animais. Para cada 1kg de carne são necessários quase 7 kg de grãos. Nos paises mais pobres os bolsos não sustentam mais a situação.
Nos EUA, produtos de soja e trigo se renderam aos subsídios dados pelo governo a produção de milho, e com isso, produziram menos trigo e soja. Diminuindo a oferta destes produtos. Isso fez com que os derivados de milho registrassem aumento. Outros paises, como o Brasil, reduziram as exportações para evitar a inflação internamente. A ONU (Organização das Nações Unidas) criticou o Brasil pela medida protecionista e também acusou o governo americano de contribuir para a crise subsidiando o etanol. O diretor da ONU para Agricultura e Alimentação, Jacques Diouf, alertou o mundo sobre a possibilidade de guerras civis onde há escassez de alimentos. E pediu ao mundo doações para se criar um fundo internacional para a fome com cerca de US$ 755 milhões, além dos US$ 2,9 milhões já previstos. Na áfrica, será promovida a “Revolução Verde”, com incentivos a produção agrícola. Fundo socorrerá a população mais pobre, defenderá a abertura de mercado e agirá prevenindo o protecionismo.
O biocombustível é uma gota do problema. No Brasil, a confecção não afeta a produção agrícola, e mesmo o nosso país sendo um dos principais exportadores de grãos do mundo, a inflação nos atinge. O que explica que o cultivo para esse fim, na seja o culpado pela falta de alimentos. O jornal, Financial Times, chegou a defender que o Brasil seria a solução do problema, com o excesso de terras boas para plantio de grãos. E acisou o mundo de não enxergar isso.
O engenheiro agrônomo, Brener Marra, é mestre em fitopatologia, PHD em biologia molecular, sua tese de doutorado foi em fermentação e destilação de álcool, trabalha na Embrapa, em pesquisas de melhoramento genético da cana-de-açúcar e da soja. Defende que a produção de biocombustível através da cana-de-açúcar é o melhor caminho. Além de não gerar prejuízos á produção agrícola, segundo ele, o álcool extraído da cana é muito mais eficiente. E revelou ainda que o Brasil tem uma agenda e até 2010 irá produzir 5% obrigatórios de biocombustível. “O Brasil só tem a ganhar. A cana-de-açúcar não se adapta ao solo americano, por isso, eles usam o milho. A cana é mais barata e rende mais”. A Petrobrás é a empresa brasileira que mais investe em pesquisas nessa área e, é uma das pioneiras.
Luis Antônio R. da Silva, é físico e professor, percorre quase 100 km por dia e acredita que a libertação do povo quanto ao petróleo e a capacidade de redução no impacto ambiental nesses novos tempos é um grande avanço. E é a favor da produção de combustível através de grãos. Espera, também, que o preço do álcool venha á cair com os anos. Raimundo Brandão, engenheiro civil, reforça que essa crise vai passar logo. E que o mundo vai encontrar novas formas de acompanhar a demanda por alimentos e produzir o combustível necessário.

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