Floresta NAcional de Brasília e sua sustentabilidade


O cerrado é um das savanas mais ricas em biodiversidade do mundo. Só ele, é responsável por 5% de toda a riqueza de fauna e flora de todo o planeta. No Brasil, está localizado em maior parte na região centro-oeste e, no Distrito Federal está preservado no Parque Nacional de Brasília e na Floresta Nacional de Brasília (FLONA). O Parque Nacional foi criado na década de 60 e seu interior e totalmente preservado. Em 1999, criou-se por meio de decreto presidencial e por iniciativa da luta da ONG Funatura, a Unidade de Conservação Federal Floresta Nacional de Brasília. Ela é dividida em quatro glebas descontínuas, quatro partes do Cerrado preservadas. Duas localizadas na RA de Taguatinga e as outras duas na RA de Brazlândia. São 9.346,2 hectares que servem de proteção para dois mananciais importantíssimos para a cidade: O Descoberto e Santa Maria/Torto. O Rio Descoberto é responsável por 65% do abastecimento de água potável do DF, são eles o córrego Bucanhão e o Capão da Onça.
A implementação da Floresta Nacional de Brasília foi de maneira gradual, já que em grande parcela da região já existiam assentamentos. O local já foi reflorestado com pinheiros e a agricultura existe em potencial na região. Depois de sua criação vários assentamentos de Sem Terras também surgiram. Área é coberta de APAS (Áreas de Proteção Ambiental) e tem como objetivo o reflorestamento, lazer e sustentabilidade, educação ambiental e proteção do entorno do Parque Nacional de Brasília. Planos de ação de várias organizações já movem uma relação harmoniosa entre o homem e a natureza do Cerrado. Como é o caso do Instituto Joaquim Cruz, que promove ecoatletismo. Local é palco de vários eventos de mountain bike da cidade.
A engenheira florestal, Elda Vargas de Oliveira, é funcionário do IBAMA e hoje Instituto Chico Mendes e, responsável pela FLONA de Brasília. Ela conta que há nesta área apenas 30% de Cerrado preservado. Área é toda marcada pela agricultura e a região é cercada por chácaras. O uso sustentável da unidade é o objetivo central, mas o contato dessas populações com a biodiversidade natural preocupa Elda Vargas. Ela garante que essas pessoas contribuem para a poluição dos córregos que abastecem o Descoberto, além de desmatarem o tipo de bioma existente. E o seu principal objetivo é evitar a expansão dessa ocupação desordenada.
Uma sentença em 2003, do Tribunal de Justiça, determinou que toda área da Floresta fosse desabitada. O então Governo do DF assentou várias famílias na região, sem respeitar o meio ambiente. Existem no local cerca de 130 famílias, a Justiça deixou à cargo do GDF retirar 40 famílias e o restante ficou à cargo do IBAMA/Chico Mendes. Elda não concorda com a decisão pelo fato de quê não compete ao IBAMA poder de polícia ou questões sociais. Não era problema nosso retirar àquelas famílias assentadas e mandá-las para onde? E como isso aconteceria?Afirmou a responsável pelo parque. Ela critica o GDF pela falta de ação da resolução do problema, e acredita que o processo pode ser demorado, mas ela trabalha para que isso aconteça tão logo. Em 2003, a Justiça também determinou que fosse feita a reintegração de posse, mas até hoje a Terracap não passou o local para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. O terreno ainda pertence ao GDF no papel, a demora nesse procedimento se deve ao fato de que a empresa mobiliária teria como obrigação passar o terreno para o instituto sem ônus e sem os assentamentos. A verdade é que o governo nunca pensou na hipótese de remoção daquelas famílias e nunca estudou um local para transferências dos assentamentos. O primeiro passo é o entendimento entre governo e o Instituto Chico Mendes, depois acharem um local para a transferência e por último o pedido de reintegração de posse.
O desenvolvimento sustentável é desejo de todos, ninguém é contra ao progresso, mas sem a água deste local não teríamos como sobreviver neste Cerrado. Sem sobreviventes não podemos ir a lugar algum. A remoção é necessária par o bem de todos, e ignorar essa necessidade pode nos custar muito caro. Não adianta pensar em desenvolvimento para a capital federal sem ao menos preservar o pouco que lhe cabe, que é o muito que nos mantém vivos. Fazer vista grossa a uma realidade tão latente é ignorar por completo a vida. A FLONA existe há 9 anos e uma parcela mínima da população desconhece que lá estão nascentes que geram o abastecimento de quase todo o Distrito Federal. Para visitar o local é preciso se cadastrar e algumas regras de respeito ao meio ambiente devem ser respeitadas, e com isso, cada um percebe sua parcela de responsabilidade. “A proteção e o manejo da fauna silvestre em busca de sua conservação podem e devem ser feitos pelo Governo e a Sociedade de forma integrada no sentido de defender o que é de todos: o patrimônio natural do Brasil, bem de uso comum de todos os brasileiros e garantia para as futuras gerações.” www.ibama.gov.br, www.amigosdaflona.com.

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