In(Natal)

Tempo de reunir família e amigos, de presentear e renovar o espírito de solidariedade
É tempo também de renovar o guarda-roupa, aproveitar as liquidações e se endividar
É tempo de um comércio enlouquecido e de uma concorrência bem mais acirrada
È tempo de festejar e enfeitar a casa
È tempo de dar esmolas e ajudar quem mais precisa e, que de repente, você tenha dado menos atenção
È tempo de aceitar aquele parente de quem não gosta tanto na ceia, de ouvir as novidades e os comentários inoportunos
De beber um pouco mais além da conta e de se entregar a declarações contidas
De rever pessoas que há tempos não via
De refazer planos e de fazer aquele balanço anual
Tempo de se prestar a tradições que poucos nos acrescentam, e de seguir alguns costumes que nos preencham
Tempo de soltar as lágrimas e de aceitar renovações
No ano passado eu estava trabalhando em pleno dia de Natal e reclamava: como pode? As pessoas não estendem que é dia de ficar com a família?
Hoje, um ano depois, estou aqui escrevendo este texto no quarto, minha família conversa na varanda e, eu estou desempregada, bem mais triste do que no ano passado, quando trabalhava incansavelmente.
Os pensamentos são basicamente os mesmos, peso as perdas e os ganhos.
Tinha sido até então um bom ano, mas a crise no atual Governo me deu uma rasteira, é como alguém que dormia em cama macia e acorda em um chão gelado. Apesar da comparação esdrúxula, exemplifico algo que aconteceu de repente sem te deixar escolhas.
Na mesma época reclamava a perda de um relacionamento e hoje reclamo do mesmo. Agora tento me apegar a qualquer outra coisa usual. A faculdade terminei neste mesmo ano, o emprego de antes se foi e o relacionamento também.
Me resta muitas coisas ainda, sei disso, mas ainda procuro em o quê me segurar!
Nesses momentos algumas pessoas nos surpreendem. Me fazem dar aquele sorriso bobo quando me pego pensando e falando sozinha.
Agora tenho apenas promessas de Ano Novo e queira Deus que elas se realizem!