Habitar com Arte


Os abrigos das paradas de ônibus de Samambaia começaram a ganhar nova cara a partir desta terça-feira. Grafiteiros vão transformar os abrigos em painéis de obras de arte com o programa "Habitar com arte", uma parceria entre a construtora Habitar e a Administração Regional de Samambaia. Projeto surgiu da idéia de levar arte aos canteiros de obra da construtora, em janeiro deste ano, quando a empresa convidou a ONG RUA, Reunião Urbana de Artistas, para pintar os tapumes e impedir a pichação. Os abrigos vão ganha cara nova e deixar a cidade com um tom mais alegre.
O grupo reúne grafiteiros de todo DF e tem sede na QNM 03, na Ceilândia. Seu coordenador, Francisco Júnior, o Cebola, já teve passagem pelo programa social de governo, "Picasso Não Pichava". Este que é pioneiro neste tipo de trabalho e foi criado por projeto de lei que previa redirecionar o potencial artístico de jovens sem perspectiva de futuro. E deixou a Capital de cara nova e com um novo despertar de conscientização e reconhecimento de valores. Foi um projeto que revolucionou a arte urbana e transformou delinqüentes e vítimas do preconceito em artistas respeitados. Obras deste projeto podem ser vistas por todo o Distrito Federal e já foram vistas por todo o Brasil em exposições fotográficas.
Hoje, em seu programa independente, Cebola, conta que sobrevive dos trabalhos do seu projeto em uma parceria com empresas privadas. E com este recurso monta oficinas para jovens carentes de diversas satélites. Ele conta que foi convidado por Camila Pinheiro de Oliveira, gerente de empreendimentos da Habitar, para implementar sua arte nas paradas de ônibus, depois de participar da pintura dos tapumes da empresa. A idealizadora conta que os grafiteiros são livres para se expressarem da maneira como quiseram. E estas obras de arte podem ser vistas em suas construções prediais, como na QR 108 conjunto 06 da Samambaia Sul. “A empresa investe e o retorno é social”, afirmou Camila.
José Naves, administrador de Samambaia, conhecia o projeto de sucesso dos tapumes e foi ele quem propôs a idéia de levá-lo para os abrigos. Naves conta que serão mais de 100 abrigos a serem pintados por toda a regional e o movimento deve durar cerca de duas semanas. Ele espera fazer com que os jovens da cidade aprendam com o projeto e diminuam as pichações. O administrador pensa que logo o projeto pode chegar a quadras de esportes, praças e outros monumentos recém inaugurados.
O evento de lançamento, na manhã desta terça-feira, teve presença da deputada distrital, Jaqueline Roriz, do PSDB-DF, e da comunidade local, que cercaram a parada surpresos com a arte que surgia. A comunidade embalada pela mudança no transporte público recente, estava alvoroçada e inquieta, mas tiveram um bom motivo para estarem ali. Aconteceu na parada de ônibus da QR 210 (entre o supermercado Supercei e o quiosque Boi na Brasa). Comerciantes aprovaram o projeto e acreditam que vai inibir ações de pichadores e até incentivá-los a participar de ações como esta.
A construtora investiu cerca de R$ 15 mil em materiais e uma bolsa auxílio para os artistas. O grafiteiro Kogu, Gleyson Alves de 22 anos; e Rode, Rodrigo Lima de 18 anos, são estudantes e participam da ONG RUA há um ano e integram o "Habitar com arte" dos tapumes e das paradas. Kogú afirma usar técnicas da pichação como um movimento de protesto social. Eles afirmam que usam a técnica free-hand, que desenha o que vier a cabeça de forma livre e não aleatória. Cerca de 20 grafiteiros devem participar da campanha, todos da Ong são convidados e quem aparece pinta. Todos de origens humildes e que sobrevivem da arte, afirma José Naves. É um projeto maravilhoso com um aspecto social e que diminui a depredação. São jovens engajados na arte e que ajudam a cuidar do patrimônio o público, Jaqueline Roriz.
A Habitar, investe na área social de Samambaia, onde seus empreendimentos serão erguidos, em uma parceria público/privada com a Administração Regional de Samambaia, o administrador José Naves. E o retorno será sentido pela população local, que acredita que a medida pode ajudar a conscientizar os jovens da região.



Matéria publicada dia 30 de agosto de 2008 no veículo impresso Jornal de Brasília.

Comentários

  1. Não sei se foi o mesmo grupo. Aqui nas paradas do pistão norte,em frente ao tagua-parque, todas foram grafitadas tambem.

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  2. Não sei se são do mesmo grupo, mas todos eles têm histórias surpreendentes e pintar os abrigos foi uma demonstração de cidadania.
    :)
    Obrigada pela visita Tiago.

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