LAVANDO A ALMA

È bom que toda sujeira que se possa imaginar exista, com todos os tipos de combinações e ingredientes. Há coisas que não são lixos até que decidamos por isto. O que é descartável para muitos, pode ser determinante e insubstituível para outros. Há quem pense que nunca faz sujeira, que são a assepsia em pessoa e há quem ache que é só lixo. Há partes que sempre podem ser aproveitáveis, reciclando, renovando ou transformando. Há pessoas em sua essência, limpas, e acabam agregando algumas sujeirinhas durante a vida. E existem algumas que nascem puras, se sujam por inteiro e às vezes conseguem ser limpas, há outras que não, morrendo sujas.

Temos de nos lembrar que se você se junta com lixo, poderá se tornar um deles, pois o cheiro e outras coisas podem penetrar ou associar. Há momento na vida que acendemos a esperança quando no meio daquela imundice eventual encontramos algo intacto, sem qualquer resquício do sujo, preservado. Muitos não acreditam na limpeza, mas ela existe e pode ser diferente da sua, como um choque cultural, emocional. E no meio da limpeza um sujo pode se esconder, caberia o trocadilho: nem sempre o que é bonito limpo lhe parece.

Até mesmo os mais imundos têm o direito de serem lavados e preciosidades podem ser reveladas, como ouro envolto ao barro que faz brilhar o desconhecido. Há sempre duas possibilidades no início e no fim e inúmeras no meio do caminho, há muito no que se sujar. No momento certo temos o dever de limpar quem por ventura tenhamos atingido, do contrário a nossa sujeira nunca sairá. E não adianta apontar para o sujo a frente, ao lado ou o de trás, às vezes a sujeira está onde menos se espera ou onde você não pode enxergar.