Menor no País das maravilhas!




Alguém pode me explicar como alguém que cresceu vendo a mãe alcoólatra apanhar do pai drogado, que nunca teve ninguém pra lhe ensinar preceitos morais, legais e éticos ou que o incentivasse em ir à escola, aprende depois da sua formação de caráter? Alguém que a única forma de se conseguir algum era pedindo, vigiando carro, servindo como foguetinho ou roubando. Alguém que cresceu vendo garotos limpos terem tudo que a sociedade oferecia de maneira fácil e ter de se calar diante da crueldade da indiferença e da desigualdade. Alguém que teve de trabalhar como escravo e ganhar uma miséria para favorecer àqueles que ele tanto invejava e mesmo assim não poder ajudar a mudar um pouco as coisas. Eu não falo de família pobre, eu falo de uma “não família”, da miséria, da falta de estrutura, de educação e de políticas públicas suficientes. Como este alguém que aprendeu cedo o que é guerra, vai aprender o que é certo e errado, vai reestruturar sua família, vai ter educação e profissionalização, vai ter de volta sua dignidade e o mais importante, aprender que o crime não compensa? Temos a solução: dentro de uma unidade de atendimento socioeducativo, aquelas conhecidas como CAJE, FEBEM, CIAGO etc. Talvez, no País das Maravilhas, isso aconteça quando o sujeito cria a consciência de seus atos e se assume como responsável por si mesmo, como afirmava Paulo Freire. Assim, quem sabe, eles retiram toda a culpa da sociedade e vivam felizes para sempre!

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