Alice




Ela era uma menina


Pouco tola, pouco bela


Sua beleza estava mesmo nas curvas das mãos ao gesticular


No sentar-se


Na experiência


Na firmeza


Na mulher


Que às vezes se esconde


Que supreeende


Principalmente a ela mesma


Vê beleza em tudo


Pois belo é o olhar


Não é lady


Distoa tudo que é programado


Ela é gente grande que quer caber na mão de um gigante


Ela não vê o que todos veem


Ela não vive no mundo onde todos vivem


Ela é carcaça


Ela é fumaça


Ela foge e se apresenta


Destemida


Ela se encolhe amedrontada


Tem medo daquilo que é real


Ela tem a sabedoria consigo, sempre


E uma irmã má também


Ela tem um mundo


E pessoas que acreditam nela


Ela não acredita mais em nada


Confunde tudo


E vive alí, no meio


Nem aqui, nem ali


Não, ela não quer aquele do cavalo sem cor


Nem o Guerreiro do exército da salvação


Ela quer alguém que lute contigo


Que enxergue o inimigo


Quer um coelho, um gato, amigos estranhos e cheios de defeitos


Quer um bom combate, um propósito


Ela vive oscilando entre aqui e acolá


Mas não foge


Só sai de fininho quando acaba a batalha ou em desfechos dignos de Shakespeare


Não insisti na dor


Porque são tantas as possibilidades de fazer dar certo


Insisti no amor


Mesmo com tantas possibilidade de dar errado


Cansou-se de dizer que não acredita mais, pois sabe que não é verdade
Cansou-se de lamentações...


Em um dia, entre uma bela encruzilhada
Cansou-se de pensamentos arredios e pessoas covardes
Seria mais uma vez diferente... e temia não ser, mas não temia arriscar!
Chorou com vontade...sorriu querendo enganar-se!
Tomou banho de chuva....
Riu das piadas sem graça!
Desejou não mais que aquele beijo.
Suspirou acordada e sozinha.
Velejou por toda a sua solidão...aprendeu a lição, uma delas!
Cansou-se?
Talvez...
Mesmo quando ganhou preferiu a dor!
Porque não dá pra ser feliz sem sentir esfriar a barriga..
Sem ouvir o coração disparar...
Sem ver o feio ficar bonito..
Sem ter como dar explicações!
Ela perderia tudo por aquilo...
Ela não tem nada sem isso!
Aprendeu o que nunca ensinariam....
Herdou do monge, da pomba, da águia!
Se defendeu em disparo único e fulgaz
Como quem solta fogo pelas ventas, como quem tem brisa no olhar
Ela não engana cegos
Ela bate palmas para a canção dos mudos, ela não sabe esperar quem não tem pressa e espera para se chegar a qualquer lugar.
Não cansou-se do esconde-esconde?
Encontrou, perdeu, se surpreendeu, se perdeu, procurou...
Esperou do alto da montanha com a mais bela vista pro mar...
Cheirou as flores
Soltou o cabelo
Se olhou no espelho!
Viu-se bela, viu-se tola, respirou...
E fez novas malas, abriu novas portas, experimentou!
Tomou banho de lama e se lavou
Ficou sem ar...
Encontrou!
Pareceu perdida, pois procurava o que só ela podia ver... e só ela podia encontrar!
Aquilo que só havia nela e em mais ninguém.


Ela era assim, uma parte que os outros podiam ver e a outra que quase ninguém podia entender!



Alane Moraes
último minuto do dia 31 de janeiro de 2012

Comentários

  1. hum, suas palavras, realmente, conseguiram me tocar. profundas! completas! parabéns. fazia tempo que não lia algo assim tão intenso!
    ah, a propósito, dia 31 foi meu aniversário :D
    rsssrsr
    forte abraço pra vc!

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  2. Alane, a cada dia me convenço mais de que vc não é apenas um par de pernas formidável, mas uma mulher de uma personalidade fora do comum. Quando vc escreve, suas palavras ganham vida, vc tem o dom de falar direto com os sentimentos das pessoas. Gosto do seu estilo, admiro a forma como vc se coloca diante das coisas. Em fins, acho que estou me tornando seu fã.

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  3. Que isso em pãozinho de queijo só o iéié !!!! Show de bola, adorei, show de bola. Sua personalidade e fora do comum. Esse txt me lembrou a nossa ultima conversa la no "madi" hehehe !!!! Xero nesse cangoteeeeeeee !!!

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