Do lado de cá

Me disseram que não seria fácil, mas não acreditei...

Eu já sabia que era um sistema arcaico e não muito utilitário...

Mas... não imaginava que tantos eram eles que ao passar a limpo nada mudavam...

Eu não sabia o tão forte ela era, a tal síndrome, a tal dor, o tal amor.

Eu sabia que pra se tornar forte, o sofrimento era um caminho e o fim era descobrir que nem doía tanto assim...

Mas eu não sabia que muitos se apaixonavam, inclusive pelos erros, pelos exageros...

Permitem, porque acreditam que de outra forma não seria a mesma gloriosa. Sem nem ao menor tentar uma outra forma ou possibilidade.

Sempre há outros caminhos e o mesmo destino, ou talvez, tudo acabe num lugar melhor, surpreendentemente melhor.

Eu sabia que o sexo era frágil, que haveria regalias, que haveria isonomia, que haveria grosserias.

Eu sabia que pra ser forte tinha de ser muito macho...

E que pra ser muito fêmea teria de se confundir com mais uma secretária, mais uma presa, mais um enfeite.

Mas eu descobri que dá pra ser as duas, mas que ainda assim não vai ser fácil, tem de ser forte pra impor, pra continuar a ser mulher, pra escutar besteiras e calejar, pra ser linda e não se oferecer, pra ser tratada mal e achar normal, pra ser tratada bem e não se sentir culpada, pra entender seus limites e não confundir com inferioridade, pra não esperar que o homem abra a porta e para brincar e aguentar as consequências, porque ele não vai te tratar diferente, pra ser firme e não ser grosseira, pra ter de aprender que vai ter de fazer mais esforço para apertar o gatilho e que o colete pode pesar mais pra você, do que pra outros, mas que o seu feeling é maior em tantas oportunidades, sua leveza e doçura não tem de ser abandonadas e sim usadas na melhor hora.

Eu sei  das diferenças e da luta pela igualdade...

Eu sei que a gente pediu pra ser diferente, mas também não tem de ser igual!